OS FILMES DA MINHA VIDA ∙OS MEUS FILMES DA VIDA ∙ 1º VOLUME ∙ JOÃO BÉNARD DA COSTA
OS FILMES DA MINHA VIDA • OS MEUS FILMES DA VIDA • I VOLUME • João Bénard da Costa • 2003 Assírio & Alvim 345 pgs • 2 Edição Revista & Aumentada • Número 3 da Colecção Livros de Cinema da Assírio & Alvim • Livro que reúne as 52 crónicas que, entre 27 de Maio de 1988 e 30 de Junho de 1989, JBC publicou no jornal O Independente, sob o título “Os Filmes da Minha Vida” & “Os Meus Filmes da Vida” • Prefácio de Miguel Esteves Cardoso • “Não há maneira de falar da maneira como JB fala de cinema sem falar no JB. Sem falar no homem bom que é e no bem que faz. Sem falar no bem que faz na Cinemateca Portuguesa. Sem falar no bem que faz na Fundação Calouste Gulbenkian. Sem falar no bom que é conversar com ele.” Miguel Esteves Cardoso • Edição disponível na Livraria Linha de Sombra • Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
“Com um saber de experiências feito, posso garantir que a segunda metade dos anos 70 (mais precisamente, de 1976 a 1980) foi o período dourado da cinefilia portuguesa. Depois da ditadura, depois do gonçalvismo, uma significativa fatia de espectadores achou-se no direito - talvez com o dever - de se pôr em dia com tudo quanto, durante uma vida inteira, tinha ouvido falar, mas não tinha visto. Só isso explica fenômenos tão insólitos como o aparatoso êxito de algumas retrospectivas ou reposições que, antes ou depois, não levariam às salas mais do que uns felizes poucos. De todos os casos que conheço, o mais singular e o mais surpreendente foi o de Robert Bresson. A retrospectiva integral de sua obra, levada a cabo pela FCG em 1978, esgotou as lotações do Grande Auditório (1200 lugares) durante as 11 sessões dela.(…) Nunca, talvez, como na obra PICKPOCKET, Bresson tenha ido tão longe na defesa da sua idéia de que “o cinematógrafo é a arte de não mostrar nada”. E esta afirmação só pode parecer paradoxal a quem não tenha sido capaz de ver o que é esse nada que Pickpocket mostra. Ao som da música de Lully, Bresson ilumina o caminho de um homem que sabe, paulinianamente, que a lei mata e o espírito vivifica. Um homem chamado Michel que a Graça acompanha, na sua trajetória entre a liberdade e a prisão. Livre, é prisioneiro do seu corpo e do seu espírito. Preso, encontra a alma e o misteriosíssimo sentido da frase que diz depois da morte da mãe: “Acreditei em Deus durante três minutos.” Bresson comentou que poucas pessoas poderão dizer que acreditaram em Deus durante tanto tempo.”
O CARTEIRISTA, JBC