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  • O PASSO DA FLORESTA • ERNST JÜNGER

O PASSO DA FLORESTA • ERNST JÜNGER

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O PASSO DA FLORESTA • Ernst Jünger • 2021 BCF Editores 142 pgs • Título original: Der Waldgang • Capa de Ana Jotta • Tradução & Posfácio de Maria Filomena Molder • PVP 14€ • Linha de Sombra www.linhadesombra.com • Cinemateca Portuguesa ■

”O medo pertence aos sintomas do nosso tempo. Ele actua de modo tanto mais mortificante quanto mais se insere numa época de grande liberdade individual, na qual a miséria, como a retrata, por exemplo, Dickens, se tornara quase desconhecida. Como se chegou a uma tal passagem? Se quiséssemos eleger uma data, não haveria outra mais apropriada do que o dia em que o «Titanic» se afundou. Aqui colidem, deslumbrantes, luz e sombras: a hybris do progresso com o pânico, o conforto máximo com a destruição, o automatismo com a catástrofe, que se manifesta como um acidente de viação. (…) O indivíduo já não está na sociedade como uma árvore no bosque, assemelha-se, antes, ao passageiro numa embarcação, que se move rapidamente e que se pode chamar «Titanic» ou também Leviatã. Desde que faça bom tempo e a paisagem seja agradável, ele mal se aperceberá do decréscimo de liberdade em que caiu. Sobrevém, pelo contrário, um optimismo, uma consciência de poder, provocada pela velocidade. Isso há-de mudar, quando aparecerem ilhas vulcânicas e icebergues.”

O MEDO, Ernst Jünger

“A Alemanha é rica em deserdados, talvez seja essa a sua maior riqueza ou, melhor, como ele diz, talvez não haja país que conheça mais profundamente esse estado de excluído, de ter sido privado do direito à herança. Não reconhecer isto, não procurar reparar isto, é o fundamento do vazio espiritual, que em 1951 se propaga à mesma velocidade ou mesmo mais velozmente do que a reconstrução, e que inviabiliza o reconhecimento daquela lição que foi paga e se pagou tão caro: o encontro com o santuário quieto, abundante, a parte inalienável de cada um: a floresta.”

POSFÁCIO, Maria Filomena Molder