CINEMATECA • Pedro Mexia • 2021 Tinta da China 200 pgs • Prefácio de Julião Sarmento • III Edição Revista • Volume que reúne crónicas publicadas nos jornais Público, Expresso e algumas folhas de sala distribuídas nas sessões da Cinemateca • Linha de Sombra • www.linhadesombra.com • Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.
“Tudo começa quando se descobre um diário antigo que conta que a fundação da cidade nasceu de uma traição e de um crime, e o padre exclama então «estamos a celebrar assassinos». Carpenter sempre foi um cineasta bastante politizado, e em O NEVOEIRO lembra-nos que o passado é uma história violências e outras vergonhas. Que nunca nos libertamos do passado vê-se pelos vestígios e destroços do navio que ainda dão à costa. Os fantasmas que vêm vingar as infâmias antigas são também esses founding fathers que os americanos mitificam, e que aqui regressam com intenções malévolas, entrevistos no meio do nevoeiro que os ajuda, sempre naquela «hora das bruxas» entre a meia-noite e a uma da manhã. Percebemos que eles nunca ficam saciados, porque haverá sempre fantasmas do passado que nos assombram. Por isso Stevie avisa as populações (e os espectadores): nunca se sintam tranquilos. «Look for the fog.»”
BRUMAS DA MEMÓRIA, O NEVOEIRO / THE FOG, JOHN CARPENTER, 1980, Pedro Mexia