CINEMA MARGINAL BRASILEIRO / FILMES PRODUZIDOS NOS ANOS 1960 E 1970 ∙ EUGÊNIO PUPPO (ORG.)
CINEMA MARGINAL BRASILEIRO / FILMES PRODUZIDOS NOS ANOS 1960 E 1970 • Concepção editorial de Eugênio Puppi • 2012 Cinemateca Brasileira & Cinemateca Portuguesa 144 pgs • Prefácio de Maria João Seixas e José Manuel Costa • Textos de Jean Claude Bernardet, Rubens Machado Jr, Ismail Xavier, Inácio Araújo, João Carlos Rodrigues, Paulo Sacramento Luiz Rosemberg Filho, Carlos Reichenbach & Etc. • Direcção de arte & ilustrações por Petri Di Petro • • PVP 10€ • Linha de Sombra • www.linhadesombra.com Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.
“1. Que conste dos autos: eu não aguento mais falar desse assunto!
2. Quando penso na época, logo me lembro da música A Whiter Shade of Pale – aquele marco da música pop dos anos 60, que começa com uma "citação" das cantatas de Bach e cuja letra, porralouca e psicodélica, fala de sessenta vestais virgens e outras sandices. É a cara do Cinema Marginal. (…)
7. De 67 a 71, o cinema era apenas um apêndice da vida (…) Naquele momento, para mim, a vida era mais interessante que o cinema.
8. O inventário do Cinema Marginal já foi escrito; Cinema de Invenção, de Jairo Ferreira. O resto é diluição.
9. Sem demagogia: na época, bons eram os filmes dos meus amigos. O bandido, Bang-Bang, O pornógrafo, Orgia, Meteorango, A margem, Ritual dos sádicos, A mulher de todos, o episódio de Sebastião de Souza em Em cada coração um punhal, À meia-noite, Esta noite, Tonho, O anjo nasceu e Perdidos e malditos são obras-primas.
10. As libertinas e Audácia! são ambos a mesma merda!
Moral da história: nunca fui marginal, sempre fui independente.”
MARGINAL, ADEUS, Carlos Reichenbach
“Talvez a melhor curta-metragem de Carlos Reichenbach, SANGUE CORSÁRIO, é uma ode à contra-cultura e à poesia do amigo Orlando Parolini – que foi ator de Reichenbach em vários outros filmes. Foi o único dos três curtas efetivamente realizados para Galante a ser exibido nos cinemas na época. SANGUE CORSÁRIO é um retrato muito consistente e pungente do que aconteceu à contracultura – o balanço e as escolhas individuais que se seguiram. Em determinado momento, o bancário grita que abandonou a vida de arte porque precisava comer: ou seja, a dura realidade invadindo e tornando conta do sonho, da utopia, do desejo por uma realidade diferente, desapegada de bens materiais. Em resposta a essa faceta, Reichenbach coloca o poeta marginal Orlando Parolini, importante e esquecida referência da contracultura paulistana, que apenas escuta o que o bancário, em tom saudosista, diz. Só se pronuncia nos respiros anárquicos: ao declamar com muita força seus poemas, tidos como premonitórios e blasfemos, pelas ruas do centro de São Paulo.”
SANGUE CORSÁRIO 1979 CARLOS REICHENBACH, Gabriel Carneiro