CINEMA E POVO • REPRESENTAÇÕES DA CULTURA POPULAR NO CINEMA PORTUGUÊS • CATARINA ALVES COSTA
CINEMA E POVO • REPRESENTAÇÕES DA CULTURA POPULAR NO CINEMA PORTUGUÊS • Catarina Alves Costa • 2021 Edições 70 403 pgs • Livro que é resultado parcial da tese de doutoramento CAMPONESES DO CINEMA: REPRESENTAÇÕES DA CULTURA POPULAR 1960-1970, orientada pelo antropólogo João Leal • Número 114 da colecção Arte & Comunicação • Lançamento na Cinemateca Portuguesa no dia 15 de Outubro de 2021 • Livraria Linha de Sombra • Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema ■
Nos anos 1960 e 1970, os realizadores percorreram Portugal em busca da autenticidade de um país rural, à laia de camponeses do cinema, como dizia António Reis. Este livro trata o cinema documentário e ficcional de vocação etnográfica na sua ligação com a representação da cultura popular de matriz rural e a identidade nacional. Pretende tornar visível este cinema quer na história da etnologia portuguesa, quer na história do cinema português. a obra trata os usos da imagem a partir de várias modalidades identificadas: o arquivo etnográfico, o documentário etnográfico, a imaginação ou poética de inspiração etnográfica e, finalmente, o cinema revolucionário e o discurso ideológico.
"Confrontei-me pela primeira vez com as imagens da ruralidade que faziam parte do meu imaginário cinematográfico, marcado pelos filmes de António Reis ou de João César Monteiro, os quais contrastavam com a vida na aldeia, que os jovens emigrantes tentavam agarrar, transportados também eles, com as suas representações e ideais, para uma vida que lhes escapava, mas da qual queriam participar. As ideias românticas de fazer uma etnografia numa aldeia isolada, que haviam sido desconstruídas pelos meus professores de Antropologia, regressavam como uma desculpa para filmar aquilo que me fascinava, e que agora percebo melhor ser essa relação positivada e ficcionada que o citadino cria com o rural. O meu imaginário cinematográfico havia sido criado pelo meu avô cineclubista e sessões de cinema na Escola de Belas Artes do Porto, nos anos pós-revolução: António Campos, Vittorio De Seta, o Olmi, o Buñuel do Las Hurdes."
ABERTURA, Catarina Alves Costa