A FICÇÃO COMO CESTA: UMA TEORIA E OUTROS TEXTOS ∙ URSULA K. LE GUIN
A FICÇÃO COMO CESTA: UMA TEORIA E OUTROS TEXTOS • Ursula K. Le Guin • 2022 Dois Dias edições 100pgs • Tradução de Sofia Gonçalves • Desenhos de Dayana Lucas • Quatro textos de Ursula K. Le Guin • Edição de Rui Paiva & Sofia Gonçalves • Design de Sofia Gonçalves • PVP 9€ • Livraria Linha de Sombra • www.linhadesombra.com • Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema ◼︎
“Mas como carregar mais do que um estômago cheio e um punhado até casa? Então, levantas-te e vais ao maldito campo de aveia, encharcado de chuva; não seria bom se tivesses algo onde colocar o bebé Oo Oo para que pudesses colher a aveia com as duas mãos? Uma folha uma cabaça uma rede uma bolsa um lenço um saco uma garrafa um pote uma caixa um contentor. Um suporte. Um recipiente.
«O primeiro dispositivo cultural foi provavelmente um recipiente... Muitos teóricos acreditam que as primeiras invenções culturais devem ter sido um recipiente para guardar produtos recolectados e algum tipo de bolsa ou rede para carregar as coisas.»
É o que nos diz Elisabeth Fisher, em WOMEN’S CREATION (1975). Mas não, não pode ser. Onde está aquela coisa maravilhosa, grande, longa, dura, um osso, creio, com que o Homem Macaco, no filme, bate em alguém, e que, em seguida, grunhindo de êxtase por ter consumado o primeiro homicídio, arremessa para o céu, e girando por lá, se transforma numa nave espacial que trilha o seu caminho no cosmos para o fertilizar e produzir no final do filme um adorável feto, um menino, é claro, a vaguear pela Via Láctea, sem (estranhamente) qualquer útero, qualquer matriz?”
A FICÇÃO COMO CESTA: UMA TEORIA, Ursula K. Le Guin